Alimento da Vida -Dia 2 de Setembro de 2012- “Vós abandonais os mandamentos de Deus para seguir a tradição dos homens”. Os mandamentos de Deus são eternos e mais importantes.

ARTIGOS


Orientações para Animadores, proclamadores e leitores nas liturgias


Introdução
Deve-se lembrar que os animadores, leitores e proclamadores são pessoas que dirigem a palavra ao público de forma que este entenda o conteúdo da mesma. Existe uma grande diferença entre ler para si, um grupo pequeno de pesssoas ou para uma numerosa assembléia. Para cada situação que existe deve-se adotar um tipo de comunicação que seja eficiente. Antes de iniciar a atividade é bom se perguntar: o que vou comunicar, quem vai me ouvir, quantas pessoas vão se beneficiar de minha comunicação?

Preparação para a leitura

- Tomar conhecimento antecipado do texto a ser lido em público, lendo-o sózinho, ouvindo a própria voz.

- Fazer a pontuação corretamente.

- É interessante que cada pessoa faça suas marcações no texto para aperfeiçoar a leitura.

- É de grande ajuda concentrar-se por alguns momentos e respirar fundo antes de se dirigir ao lugar de onde será feita a leitura.

- Dirigir-se ao lugar com confiança e boa compostura.

Postura diante da Assembléia.

- Estar consciente que é uma assembleia reunida para celebrar a vida na fé.

- Ficar na frente em posição digna dela e do local que é a Igreja.

-Segurar o papel ou livro à altura do peito, nem muito baixo para não ter que se curvar e nem muito alto que esconda o rosto.

- O rosto deve estar sempre livre para manter contato visiual com a assembléia.

- Verificar antes que o microfone esteja na altura adequada permitindo captar bem a voz.

- Não abraçar o pedestal do microfone para ler o livro ou a folha que vai ficar do outro lado.

Leitura

-Lembrar que a leitura deve ser de boa qualidade, com respeito e veneração, pois, é a Palavra de Deus, ou algo relacionado com ela que vai ser proclamdo.

- Estar consciente que não está lendo para si, mas para a assembléia que deseja entender tudo e bem.

- Não ficar com os olhos presos ao papel ou livro, mas levantá-los, olhando para a assembléia, mantendo contato visual, permitindo à mesma perceber que está lendo para ela.

- Manter sempre a calma e não se apavorar se cometer algum erro. Ninguém é isento de percalços.

- Atenha-se ao que está fazendo, não interrompendo a leitura por causa de um barulho imprevisto, passagem de alguma pessoa ou alguma curiosidade.

Ao terminar a leitura

- Saia do local da leitura com calma, sem pressa como se um pesadêlo tivesse chegado ao fim.

- Não é conveniente sair do local dando sorrisos, abanando o papel ou caminhando como se estivesse num parque ou numa loja.

- Volte ao seu lugar com uma compostura própria de quem prestou um serviço á assembléia dos irmãos na fé, cuja finalidade de seu serviço não foi aquela de ser popular ou conquistar pontos. Você é uma pessoa importante aos olhos de Deus porque prestou um serviço aos irmãos e irmãs.

-Depois de ter servido sua comunidade com a leitura, eria conveniente se perguntar: Se eu estivesse na assembléia ouvindo, eu teria entendido todas as palavras e o conteúdo do que li?



Aminador(a)(Comentarista)

- O serviço do “comentarista” merece atenção especial, iniciando pelo termo “comentarista”. De fato ele não faz nenhum comentário. A tendência é usar termo “ANIMADOR”. Além de acolher a assembleia no inicio da celebração, anunciar o tema das leituras e os hinos a serem entoados, ele deve ajudar a assembléia a participar com entusiasmo na celebração. Por isso ele é um animador.

-É essencial que ele conheça bem a estrutura da missa e o significado dos diversos símbolos.

- Concentração no andamento da celebração é de grande importância, pois em todo momento, ele deve estar ligando a assembléia à Liturgia da Palavra e à Liturgia Eucarística.

- Deve ficar concentrado no que está fazendo, evitando de tentar solucionar imprevistos.

- Manter contato visual com o altar e a assembléia, permantemente, pois desde o microfone, deverá responder às orações, repetir os refrões, ajudando a assembléia a participar.

- Depois de cada vez que o animador prestou seu serviço à comunidade, a pergunta a ser feita é: Se eu estivesse na assembléia o animador teria sido um instrumento eficiente para que eu pudesse tirar o máximo da celebração?

Pe. Olmes Milani cs





MIGRANTES, VOCÊS SÃO UMA CARTA DE CRISTO



Pe. Alfredo J. Gonçalves, CS

Os migrantes, em suas idas e vindas, escrevem uma carta sobre o mapa-múndi, uma carta que de um modo ou de outro fica para a história. Não a escrevem tanto com as mãos ou com a cabeça, mas com os pés. Pés que carregam sonhos e projetos, que tropeçam e se ferem nas pedras do caminho, pés que deixam pegadas vivas em todas as estradas e em todas as direções.

Trata-se de uma carta marcada por ambigüidades e contradições. Suas linhas tortuosas e imprecisas traçam uma trajetória cada vez mais complexa. Dores e esperanças se mesclam na mensagem deixada pelos fluxos migratórios. Os passos dos migrantes, com seus anseios e decepções, convertem-se em letras, palavras e páginas – carta a ser permanentemente decifrada pelos especialistas da mobilidade humana.

A leitura dessa carta, seja do ponto de vista sócio-econômico ou político-cultural, seja do ponto de vista religioso, revela luzes e sombras. Entre as sombras, destacam-se as profundas assimetrias que dividem continentes, regiões e países, as injustiças e desequilíbrios sociais que levam milhões de pessoas a buscar cidadania fora da própria terra, a violência em todas as suas formas e graus, a luta tenaz e às vezes vã pela sobrevivência. Tudo isso desenraiza, desloca e põe em marcha multidões cada vez mais numerosas e em condições quase sempre precárias.

Quanto às luzes, elas brotam antes de tudo do interior mesmo de cada migrante, de cada movimento migratório, de cada povo que se move a faz mover a história. Os deslocamentos humanos levam nas asas do vento sementes de vida. Nesse vaivém intenso e contínuo misturam-se resistência, teimosia, combate contra muros visíveis e invisíveis e busca de uma pátria mais acolhedora. Nesta perspectiva, não é difícil parafrasear Euclides da Cunha: “o migrante é antes de tudo um forte”!

O apóstolo Paulo, por sua vez, na Segunda Carta aos Coríntios, nos oferece uma luz de como ler por um outro prisma essas cartas que os migrantes escrevem com seus sonhos e seus pés. Diz ele aos cristãos de Corinto: “De fato, é evidente que vocês são uma carta de Cristo, da qual nós fomos o instrumento; carta escrita não com tinta, mas nas tábuas de carne do coração de vocês” (2Cor 3, 1-6).

Embora a mensagem de Paulo não esteja dirigida aos migrantes, não custa dar-se conta de como estes, no mapa intrincado de suas trajetórias, vão escrevendo e reescrevendo os valores de suas expressões culturais e religiosas. Constituem, por isso, não somente uma carta de denúncia sobre uma sociedade desigual e excludente, mas também uma oportunidade de evangelização, dado o intercâmbio de vidas e valores. Como diz o Documento de Aparecida, “os migrantes devem ser acompanhados pastoralmente por suas Igrejas de origem e estimulados a se fazerem discípulos e missionários nas terras e comunidades que os acolhem, compartilhando com eles as riquezas de sua fé e de suas tradições religiosas” (Doc. Aparecida, Nº 415).

Verdadeiros profetas, os migrantes criam recriam encruzilhadas onde encontram e reencontram vivos testemunhos de superação. Nos novos areópagos modernos ou pós-modernos, eles são porta-vozes de um Deus sempre desconhecido e de Quem sempre teremos sede. Se, por uma parte, são vítimas que fogem de situações adversas, por outra, são protagonistas que buscam cidadania digna e justa. Protótipos da condição peregrina de toda a trajetória humana sobre a face da terra. Daí que o campo da mobilidade humana vem sendo considerado, progressivamente, como um lugar teológico privilegiado.