Alimento da Vida -Dia 2 de Setembro de 2012- “Vós abandonais os mandamentos de Deus para seguir a tradição dos homens”. Os mandamentos de Deus são eternos e mais importantes.


ALGUÉM GOSTA SER CHAMADO DE MIGRANTE?



Missionário  Olmes Milani-Cs


Apesar dos anúncios, algumas vezes, de tom triunfalista dos convites para “dias internacionais”,convites um misto de romantismo, as ONGs que apoiam os trabalhadores que vão buscar seu sustento em outros países, exaltando a si mesmas com belos cartazes coloridos e faixas  com frases de impacto, enquanto quem veio de fora não está muito à vontade de lembrar os motivos que o levou a sair de sua terra natal,deixando para trás projetos inacabados, a família e  o espaço humano que ocupava na comunidade.
A palavra “ MIGRANTE”, infelizmente, não está associada à coisas boas. Ao ouvi-la, é impossível não lembrar o por quê os migrantes aqui e em outros países.
A memória fica inundada de recordações que incluem a pobreza, a falta de trabalho e oportunidades visando o futuro da família.Embora, os trabalhadores tivessem sido convidados pelo governo do Japão para vir suprir a carência da força de trabalho na década de 1990, sabe-se que os primeiros passos dados neste país, não tocaram nenhum tapete vermelho.
Perceberam também que a saudação de boas vindas era mais formal do que de coração.
A ideia de que ser convidado por alguém significaria chegar mais à vontade e em casa, não foi bem assim.

Descobriu-se que, ao  chegar em outro país, existem dificuldades significativas para encontrar espaços numa nova sociedade e resistência por parte dela para se abrir e acolher quem vem de fora.
Não resta dúvida que apesar dessa carga de coisas indesejáveis, o migrante é uma pessoa com capacidade invejável para adequar seus pensamentos para descobrir que ele é muito maior do que tudo isso.

Sem pretensões de se comparar com quem ficou para trás ou
com as pessoas do país onde chega, aprofunda seu espírito criativo, descobre capacidades, manifesta flexibilidade em
suas atitudes que causa um orgulho sadio pela competência para se superar e auto-afirmar, estabelescendo-se com bastante sucesso no seio de uma sociedade diferente.
Depois de mais de duas décadas do início do movimento dos dekasseguis, é muito gratificante escutar as histórias de trabalhadores brasileiros  que  expressam com orgulho a conquista de seu lugar no Japão.
A impressão é que o sentimento de serem vitoriosos os leva a pensar que os sofrimentos da adaptação foram ao coadjuvantes para descobrir muitas qualidades que até há pouco não tinham consciência de possuí-las.
Não é incomum perceber que o sonhado dinheiro não entrou conforme o esperado, mas descobriu-se que se pode afirmar com satisfação: eu sou alguém.

Com a constatação “ eu sou alguém”, fica para trás o “ eu sou migrante”. Valoriza-se a família, a cultura, a fé, o jeito de ser brasileiro ao mesmo tempo que se desenvolve o respeito pela cultura local.

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